Literatura
Percebe-se aqui, que para evitarem sofrimento e para permanecerem no conforto, as pessoas preferem não procurar conhecer seu interior. O segundo caso do discurso dos tripulantes pode ser visto em
“O homem pergunta aos marinheiros que descansam na cobertura se avistam alguma ilha desabitada, e eles respondem que não vêem nem umas nem outras, mas que estão a pensar em desembarcar na primeira terra povoada que lhes apareça, desde que haja lá um porto onde fundear, uma taberna para beber e uma cama onde folgar ...” (1997:143).
Percebe-se aqui as necessidades materiais, o que é conhecido do ser humano (poder figurativizado por porto a ser fundado, prazer, figurativizado por bebida, e descanso, por cama), em oposição às necessidades espirituais (figurativizado no conto pela busca da ilha desconhecida).
O terceiro caso do discurso dos tripulantes pode ser constatado em
“... fosse como fosse era natural que ali estivessem, imaginemos que a ilha desconhecida é, como tantas vezes o foi no passado, uma ilha deserta, o melhor será jogar pelo seguro, todos sabemos que abrir a porta da coelheira e agarrar um coelho pelas orelhas sempre foi mais fácil do que persegui-lo por montes e vales.” (1997:142)
O narrador também cita este discurso por via indireta, mostrando, por meio da comparação da caça ao coelho, que, para muitos, é o conhecido que representa segurança, figurativizado aqui pela coelheira, enquanto o desconhecido representa insegurança, figurativizado aqui pelos diferentes caminhos (montes e vales) que um coelho pode percorrer para fugir do caçador. Este trecho, de forma sutil, menciona o passado das grandes navegações, da descoberta de