LITERATURA LIBERDADE OU IMPOSIÇÃO
1- LIBERDADE OU IMPOSIÇÃO?
Um dos grandes desafios da atualidade do professor de língua portuguesa nas escolas brasileiras é a formação de leitores proficientes, dotados de conhecimentos e capazes de preencher os espaços vazios que os textos deixam, pois sabemos que além da mensagem expressa na superfície, a obra literária pode, muitas vezes, apresentar várias camadas que só um olhar mais cuidadoso do leitor poderá desvendar. Neste contexto muitas perguntas são cogitadas a respeito do modelo de leitura, e dos tipos de leitores, mas todas convergem ao mesmo ponto problema que é o da liberdade e o da imposição. Questionamentos tais como Antoine Compagnon relata no “Demônio da teoria”: o que o leitor faz do texto quando o lê? De que forma o texto o afeta? A leitura é passiva ou ativa? O leitor deve ser concebido como um conjunto de reações individuais ou, ao contrário, como uma atualização de uma competência coletiva? O leitor deve estar em uma liberdade vigiada, controlada pelo texto? Para refletirmos sobre todas essas perguntas, precisamos entender em qual posição algumas teorias elegeram o lugar do autor, do texto e do leitor no movimento de leitura. A estética da recepção fundada em 1967 com a aula inaugural de Hans Robert Jauss ( A história da literatura como provocação à ciência literária) e reafirmada no texto de Wolfgan Iser (A estrutura apelativa dos textos) em 1970 contrapõe-se às correntes teóricas marxistas e formalistas, tais como a crítica sociológica, o new criticism, o formalismo russo e o estruturalismo por se preocuparem apenas com as obras e seus autores, deixando numa posição de pouco destaque o terceiro elemento da trama que é o leitor.
A teoria marxista entendia como sendo seu o papel de apresentar a literatura apenas como reflexo dos fenômenos sociais, o que necessariamente implicava em estabelecer um juízo de valor a uma obra literária, levando em consideração somente sua capacidade de representação da estrutura