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A hora da estrela: Personagem Macabéa
Escrita por Clarice Lispector e publicada no ano de 1977, a obra “A hora da estrela” teve como cenário a cidade do Rio de Janeiro. Relata-se a história de uma alagoana chamada Macabéa de 19 anos órfã. Os pais morreram quando ela estava com dois anos. Foi criada por uma tia beata que a maltratava. A tia mudou para Maceió e depois para o Rio de Janeiro, sempre levando Macabéa junto. Com a morte da tia, passa a dividir um quarto com outras moças. O cortiço se localiza na rua Acre, próximo do porto. Macabéa dormia mal, com fome e nariz entupido, vestida com roupas sujas. Durante a madrugada, ligava um rádio emprestado com o qual ouvia a Rádio Relógio, que dava sempre a hora certa e curiosidades culturais, sem nenhuma música. Aprendeu coisas que não serviam de nada para ela. Macabéa era feia, ignorante, ingênua, virgem e muito solitária. Ela não se arrumava. Com um curso rápido de datilografia, arruma um emprego num pequeno escritório, mas o chefe a avisa com brutalidade que em breve será despedida, pois é semi-analfabeta, erra demais e suja o papel. Essa moça humilde e ignorante, se alimentava mal no botequim da esquina, às vezes tinha alguns prazeres: colecionava anúncios e fotos de artistas, que recortava de velhos jornais e colocava num álbum. Ia ao cinema uma vez por mês. Um dia Macabéa decidiu faltar ao emprego. Mentiu para o chefe que iria ao dentista:
“E a mentira pegou. Às vezes só a mentira salva. Então, no dia seguinte, quando as quatro Marias cansadas foram trabalhar, ela teve pela primeira vez na vida uma coisa, a mais preciosa: a solidão. Tinha um quarto só para ela.” (40) Depois de dançar pelo quarto vazio, resolveu passear. No fim da tarde conheceu Olímpico:
“O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhava enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua