Lira dos vinte anos
LIRA DOS VINTE ANOS Cantando a vida, como o cisne a morte. BOCAGE Dieu, amour et poésie sont les trois mots que je voudrais seuls graver sur ma pierre, si je mérite une pierre. LAMARTINE São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor. É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou — como isso dou a lume essas harmonias. São as páginas despedaçadas de um livro não lido... E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida, por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito e amai-a como o consolo, que foi, de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor — esses dois raios luminosos do coração de Deus. À MINHA MÃE Se a terra é adorada, a mãe não é mais digna de veneração. Digest of hindu law. Como as flores de uma árvore silvestre Se esfolham sobre a leiva que deu vida A seus ramos sem fruto, Ó minha doce mãe, sobre teu seio Deixa que dessa pálida coroa Das minhas fantasias Eu desfolhe também, frias, sem cheiro, Flores da