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[Cuidar de um bonsai é como escrever, pensa Julio. Escrever é como cuidar de um bonsai, pensa Julio. -página 81]
Título: Bonsai
Autor: Alejandro Zambra
Editora: Cosac Naify
Número de páginas: 96
Classificação pessoal: ♥♥♥♥♥ (bom)
Assuntos abordados: Amor, consciência do fim e velhice, escrita
Ideal para ler... Antes de dormir, em um intervalo entre atividades, durante o fim de semana e (principalmente) em momentos de reflexão.
De repente, o começo mostra o fim de tudo. Assim, de cara. Esse ‘tudo’, porém, pode ser muita coisa. No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. Digamos que ela se chama ou se chamava Emilia e que ele se chama, se chamava e continua se chamando Julio. Julio e Emilia. No final, Emilia morre e Julio não morre. O resto é literatura. (página 10) ‘Bonsai’ começa pelo fim – que não o ‘final feliz’ que vemos em produções à la Disney – e, contrariando toda a lógica do que estamos acostumados a ver ou imaginar, esse ‘fim’ (que o livro apresenta logo de início) não representa quase nada, porque a narrativa e a vida dos personagens do livro é muito mais do que ‘um casal fica junto e vive feliz para sempre’.
Um dos destaques da narrativa é o romance entre os jovens Julio e Emilia, estudantes chilenos de Letras, e a relação deles com a literatura em momentos íntimos. Ambos sabiam que, como se diz, o final já estava escrito, o final deles, dos jovens tristes que leem romances juntos, que acordam com livros perdidos entre as cobertas, que fumam muita maconha e ouvem canções que não são as mesmas que preferem individualmente. (página 37) O autor aproveita, aqui, para trazer referências, cantores e autores que dialogam com os gostos individuais dos personagens. Entre eles, ‘No Caminho de Swann’, do autor francês Marcel Proust. Outro destaque muito importante é, também, o conto ‘Tantalia’, de Macedonio Fernández, que permite reflexões intensas e perturbadoras ao casal,