libras no ensino superior
Libras como disciplina curricular no ensino superior Vanessa Regina de Oliveira Martins*
Resumo
Este trabalho compõe algumas reflexões, a partir do Decreto 5.626/
05, sobre o processo atual de inclusão da Libras como disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia. Pretende-se analisar as viabilizações trazidas com a legislação para a inclusão do surdo no ensino de forma geral e os perigos do mascaramento de uma inclusão excludente. Trata-se aqui de vantagens e desvantagens: da inclusão hostil do surdo e da língua de sinais, ao necessário enfrentamento político dos surdos, com auxílio da legislação, para a construção de um ensino que tenha como pressuposto o franqueamento hospitaleiro da diferença surda, a imposição e manutenção da língua de sinais, não como um instrumento social apenas memorável, mas constitutivo do sujeito surdo e de sua identidade. Palavras-chave:Decreto nº 5.626; língua brasileira de sinais; enfrentamentos políticos; resistências surdas.
Cadernos do CEOM - Ano 21, n. 28 - Memória, História e Educação
Introdução
Na verdade, 99% da população de que falam nossas histórias não escreve. O discurso historiográfico impõe como história da sociedade uma tautologia que faz com que sempre “os mesmos” (aqueles que escrevem) sejam os autores, os leitores e os privilegiados por esses estudos. Todo o resto é silenciosamente reprimido por esse círculo do mesmo (DE
CERTEAU, 1995, p. 157) – aspas do autor.
Pensei compor este escrito com alguns questionamentos que nos tocam frente à ampla discussão da inclusão social dos surdos no ensino superior. Tema que De Certeau (1995) nos ajudou de algum modo a entender. Não que ele tenha pesquisado diretamente sobre as questões da surdez ou da inclusão social, mas ajudou-nos a pensar sobre estes questionamentos através de suas análises críticas à historiografia centralizadora. Portanto, pesquisas que se voltem
às