Liberdade em Kant
Fabrício Basso
RESUMO
Segundo Kant, apenas a vontade natural não é suficiente para garantir valor moral à mesma, mas o que seria suficiente para tanto? O presente artigo tentará demonstrar como a liberdade, isto é, a capacidade de fazer escolhas segundo a razão e não apenas pautada na capacidade volitiva, a liberdade seria o meio pelo qual a vontade se tornaria eficiente.
Para construção da ação moral é de suma importância que esta seja pautada pelo motivo certo. Para tanto, faz-se necessário a liberdade, agir segundo uma regra que auto imponho, e que esta se torna razão do agir, ou seja, fazer a coisa certa pelo motivo certo. Agir livremente dependerá, então, da liberdade.
Palavras chave: Vontade, liberdade, ação, moral.
Vontade
“A vontade é uma espécie de causalidade dos seres vivos enquanto racionais”. Assim inicia Immanuel Kant a terceira seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, ao longo do presente artigo demonstrará que não o faz em vão, ter domínio sob a vontade implica em muito para construção do agir moral sob o ponto de vista Kantiano.
O que se verá no presente artigo é como a liberdade, mesmo que propriedade da vontade, que sendo uma causalidade, isto é, obedece a regras externas a si mesma, pode ser ferramenta para a construção de uma ação livre dos sentidos, agindo segundo a razão. Como afirma Juliano Fellini em seu artigo, “O desenvolvimento crítico da vontade em Kant”, existem duas faculdades do desejar, a inferior e a superior. A inferior tem como objeto o desejo, esta pode fornecer normas de ação, mas nenhuma lei moral, pois a mesma segue inclinações, segundo Fellini este tipo de motivação é exíguo de objetividade e propenso a contingência . A segunda faculdade de desejar, designada por Fellini, superior, faz uso da razão para agir sobre critérios mais sólidos, que não estejam propensos a inclinações, para assim poder chegar a