Leviatã
Hobbes presenciou a guerra civil inglesa e assistiu a transição do iluminismo, ambas as condições de extrema pobreza, desordem e guerra; portanto sua obra expressa uma preocupação pela ordem e pela paz. Seu ideal é de um estado forte e monárquico, e toda a sua obra é escrita no sentido de justificar essa posição. Neste capítulo XIII, ele descreve qual seria o estado natural do homem fora do convívio social, e a conseqüente miséria – a guerra de todos contra todos – que estaríamos sujeitos sem um poder comum. Dessa forma ele articula a tese da necessidade de um poder soberano como forma de atingir a paz e a felicidade.
Inicialmente Hobbes estabelece que os homens são tão iguais quanto às capacidades do corpo e do espírito de modo que todo homem pode aspirar aos mesmos benefícios. Explica que o mais fraco de força corporal pode vencer o mais forte seja por uma maquinação secreta (astúcia), ou por se aliar a outros em iguais condições (aliança). Quanto às capacidades do espírito exclui da condição de igualdade as que não são naturais como aquelas que necessitam de palavras e as ciências. Ele destaca a prudência como uma capacidade do espírito que todos podem igualmente possuir. E usa, fazendo o leitor recorrer à própria experiência, a concepção vaidosa da própria sabedoria, pois cada homem supõe ser mais sábio que o vulgo, como demonstração da igualdade quanto às faculdades do espírito entre os homens.
Deste “tão iguais” ele deriva uma igualdade quanto a esperança, capaz de levar dois homens que desejam uma mesma coisa ao mesmo tempo mas que não pode ser possuído por ambos, a destruírem ou subjugarem o outro – pois a possibilidade de ambos possuírem é igual. Ele nota que tais disputas são principalmente pela própria conservação e às vezes é apenas para deleite. Dessa forma, ele conclui, um invasor não irá temer em conjugar forças para privar outro não só do objeto desejado, mas da vida