Letras Confusas

Letras Confusas

Bartira Barreto dos Santos

“A situação dos nossos cursos de letras é catastrófica.” Enquanto estudante, é chocante ler a afirmação, principalmente se considerarmos que parte de um dos maiores sociolinguistas brasileiros – Marcos Bagno. Contudo, também é triste coadunar da mesma assertiva, por sentir no intelecto que todos os argumentos apresentados são absolutamente plausíveis.
O autor afirma com propriedade que, quando conquistamos uma vaga num curso de Letras, ingressamos “numa estrutura acadêmica obsoleta, anacrônica, que foi delineada há pelo menos duzentos anos”. Embora as licenciaturas de forma geral recebam estudantes oriundos das camadas mais pobres da sociedade (que não tiveram uma educação fundamental sólida e que precisam além de estudar, trabalhar para se manter), os cursos acadêmicos continuam insistindo numa grade curricular que não contempla estudos modernos, menos arcaicos, objetivos e voltados par a dura realidade das salas de aula e da vida profissional docente.
Oriunda da Universidade do Estado da Bahia, do sétimo semestre do curso de “Letras com habilitação em Espanhol e respectivas literaturas”, que se propõe a formar profissionais capazes de ensinar a língua espanhola, posso afirmar, sem receio, que a grade curricular deste curso ainda é elitista e desconsidera os avanços não somente na área educacional, mas a vida moderna em si.
Por exemplo, lutou-se muito para que as cotas para afrodescendentes e índios fossem aceitas. Contudo, que mudanças foram estabelecidas para receber estudantes que historicamente foram prejudicados na formação fundamental e que chegam à academia sem saber ler o básico e sobre os quais é despejado uma gama de autores que discorrem de maneira muitas vezes repetitiva, enfadonha e complicada sobre assuntos que jamais vamos usar no dia a dia docente?
Marcos Bagno afirma com ampla razão que “só na faculdade é que a maioria dos estudantes de Letras vai ler, talvez pela primeira vez na vida um