Lenin
Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. ISSN 1518-3394.
Disponível em www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais
BATALHAS DE HÉRCULES E MARTE:
Os Cristãos e os Deuses greco-romanos nos séculos XVI e XVII
Prof. Ms. Lenin Campos Soares
Doutorando em História e Tradição
PPGH/UFMG
Este trabalho tem como objetivo pensar as referências a Antiguidade greco-romana que aparecem nas obras dos cronistas que se dedicam ao Estado do Brasil, dentro da América
Portuguesa entre os séculos XVI e XVII, nos concentrando, no entanto, nas referências feitas aos deuses pagãos greco-romanos. A principal questão que nos motiva é como padres católicos ou cristãos fervorosos, católicos e protestantes, utilizam a imagem de deuses pagãos se vivem exatamente no período em que a Reforma Protestante e Católica mais batalhava por uma cristianização mais efetiva do “rebanho”? Se lutas tão intensas eram travadas tanto na Europa, quanto na América, pela Sagrada Escritura, porque estes deuses continuam sobrevivendo tão abundantemente dentro desta produção literária? Para isso, então, trabalharemos aqui, inicialmente, com quinze cronistas cujo mais antigo é Pero de Magalhães Gandavo, de 1576, e o mais recente é Simão de Vasconcelos de 1663, escolhidos mais para poder levantar exemplos de grupos de cronistas diferentes do que por especificidades de cada um. Relembramos que neste caso podemos trabalhar com números diferentes de grupos de cronistas dependendo de que matriz discursiva nós nos propomos pensá-los. Aqui, caracterizamos a partir do lugar que seu discurso se manifesta ou, usando a expressão foucaultiana, a partir da instituição que mantêm o discurso fluindo. Temos então quatro grupos: primeiramente a Igreja Católica, subdividida ela em dois grupos: os jesuítas, com suas regras específicas , e os franciscanos e dominicanos, que podemos observar em nosso corpus documental apresentar