Lena
- uma análise comparativa entre o Plano de Metas, o II PND e o Plano Real -
Gentil Corazza1
1. Introdução
Ao longo de sua história, o Brasil teve uma diferenciada e crescente inserção externa, configurando distintos padrões de inserção com seus obstáculos e oportunidades para o desenvolvimento nacional. Esses padrões de inserção e seus impactos sobre a economia brasileira resultaram da articulação entre fatores externos e internos em cada momento histórico, no bojo do mesmo processo de financeirização da economia mundial.
No período da República Velha (1889-1930), a política comercial brasileira era de cunho liberal, mas incluía algum protecionismo, especialmente através de subsídio às importações mais essenciais. É a partir de 1930, com o início do processo de industrialização, no Governo Vargas, mas especialmente a partir de 1955, no Governo JK, que o Brasil passa a adotar ao mesmo tempo uma política deliberada de abertura ao financiamento externo e de proteção à indústria nacional.
Tal política manteve-se sem alterações substanciais até a década de 1990, quando o
Governo Collor inicia, e o Governo Cardoso aprofunda o processo de abertura comercial e financeira, inaugurando um novo padrão de inserção externa da economia brasileira. A partir de então, a economia brasileira enfrenta um processo claro de vulnerabilidade financeira externa, “com ritmo, profundidade e amplitude nunca antes observados na história do país”2.
O tema deste estudo, “relações financeiras internacionais do Brasil”, de um lado, é amplo e complexo, pois envolve um conjunto de variáveis financeiras, representadas por fluxos de entrada e saída de capitais. Além disso, apesar de seu elevado grau de autonomia, esses fluxos financeiros articulam-se com os fluxos reais de mercadorias, bem como com o comportamento das finanças internacionais e seu sistema de regulação, aspectos que ampliam a abrangência e complexidade do