Legenda de Sao juliao Hospitaleiro
SEGUNDA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2009
Gustave Flaubert: A Lenda de S. Julião Hospitaleiro
Continuando o ciclo de lendas reescritas por grandes escritores, seleciono aqui esta, que de maneira alguma pode ser classificada como divertida; é de conteúdo trágico, diríamos, e possui mesmo similaridade com a história do Rei Édipo. Pela atmosfera genialmente construída, pela beleza da sintaxe e um dos desfechos mais belos sobre redenção, este é um dos contos mais impressionantes que já tive oportunidade de ler. A narrativa é de tamanho médio, quase uma novela, um pouco longa para uma postagem em blog, mas chegando ao final da leitura não creio que alguém possa arrepender do tempo dedicado a cada um dos parágrafos. Perfeição é a característica dessa obra. Não poderia ser de outra maneira. Trata-se de Gustave Flaubert, um dos mais perfeitos escritores de que se tem notícia na história da literatura. É o autor que deu à prosa a dignidade da poesia no sentido de lapidação e condensamento, ou seja, a arte de dizer muito com poucas palavras. Cada parágrafo é como um soneto de perfeição estilística. Esse ficcionista francês, obstinado com forma e conteúdo, passava semanas e semanas burilando uma única página até tornar cada frase um diamante. Não estranhamos o fato de ter deixado poucas obras, entre elas 5 romances: ‘Madame Bovary’, que é a obra de estréia e continua sendo a mais famosa, seguida de ‘Educação Sentimental’, ambos se inscrevem como os primeiros romances verdadeiramente realistas da literatura; os outros dois são “Salammbô”, romance arqueológico que reconstitui a Cartago na época das guerras púnicas, e o experimental ‘As Tentações de São Antão’, que assusta até hoje pela modernidade; o quinto, ‘Bouvard e Pecuchet’ ficou inacabado. Além desses romances escreveu 3 contos, apenas 3 extraordinários contos: o realista e comovente ‘Um Coração Simples’, o histórico ‘Herodíade’, e esta “Lenda de São Julião Hospitaleiro”, que é maravilha das maravilhas,