LB II Clarice Desastres de Sofia
Faculdade de Filosofia, Letras E Ciências Humanas
Literatura Brasileira II
Prof. Dra. Yudith Rosenbaum
Análise do conto:
“Os Desastres de Sofia”
Clarice Lispector
Gabriella D’Auria de Morais Nº USP 5995080 1ª horário de LB II
São Paulo, 05 de dezembro de 2008
INTRODUÇÃO
Em Clarice, diferentemente dos cânones narrativos tradicionais, as histórias raramente tem um enredo com começo, meio e fim, por exemplo. Desde sua estréia, sua obra representou uma ruptura com os paradigmas narrativos vigentes. Para Clarice as palavras nunca exprimem o que elas verdadeiramente querem dizer: “As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito” 1. Ela deixa para o leitor entender o que eu ela apenas dá a entender. No conto aqui estudado, “Os desastres de Sofia”, do livro A Legião Estrangeira publicado em 1964, há um paralelo entre o foco narrativo: ele é em primeira pessoa, porém muitas vezes a menina da história narrada se mistura com a mulher que narra a história e assim temos impressões infantis e maduras ao mesmo tempo: um dobramento vertiginoso do eu sobre um eu através do tempo. Isso tudo, pois, o narrador de Clarice, como diz Adorno, “Por meio de choques ele destrói no leitor a tranqüilidade contemplativa diante da coisa lida”. 2 Análise
O enfoque do conto é em Sofia, uma menina de nove anos que sonha em se tornar adulta, porém o primeiro personagem que aparece no conto é o professor. O professor é descrito de uma forma grotesca degradando seu papel de ‘moço’ na história: “era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos”, Sofia mesmo o define como feio: “Ele nem ao menos sabia que ficava feio quando sorria”. E é por esse grotesco que Sofia se sente atraída. Há aqui um contraste entre a aparência física do personagem e sua natureza psicológica, tudo sempre