Kohut e a Psicologia do Self
A proposta da Psicologia do Self de Heinz Kohut é reconhecida por ser uma das tentativas mais explícitas de encontrar um lugar para o self na teoria psicanalítica. Suas concepções originaram-se a partir de observações sobre particularidades do funcionamento emocional de pacientes com transtornos narcisistas, através do método introspectivo-empático.
Sua visão de self contempla uma descrição do narcisismo humano, entendido como uma fase do desenvolvimento normal, que passa por transformações, e sofre influência direta do meio externo, podendo evoluir de forma saudável, ou patológica. Para Kohut, as necessidades narcísicas permanecem ao longo de toda a vida. O autor especifica libido de objeto e libido narcisista, propondo que se diferenciam pelo tipo de objeto em que é depositada. A libido objetal investe objetos externos, enquanto a narcisista, é direcionada aos self-objetos.
Ramos (2001) resume os estudos de Kohut sobre o self, e indica que, se visto sob o ângulo de visão do sentido restrito, o self seria um conteúdo do aparelho psíquico (uma extensão da metapsicologia clássica); se visto sob o ângulo de visão do sentido lato seria diferenciado das três instâncias psíquicas (ego id superego), podendo-se examinar a sua gênese, o seu desenvolvimento e os seus componentes. A autora reforça que, ao diferenciar o self das três instâncias psíquicas, isto é feito apenas no contexto teórico. Na prática, jamais poderia ser ignorado que, o self é um conteúdo do aparelho.
Para Kohut, nascemos com um self rudimentar, e o processo de desenvolvimento inicia-se logo após o nascimento. O conceito de formação do self desenvolvido pelo autor passou por alterações ao longo dos anos. Inicialmente, Kohut pensou o processo de formação do self como algo fragmentado e que ao longo do seu desenvolvimento, a criança iria agregando partes do self, antes vivenciadas isoladamente, num todo, formando uma noção globalizante e integrada de si mesma. Como um exemplo, a criança