KLEIN, Richard; EDGAR, Blake. O despertar da Cultura. A polêmica teoria sobre a origem da criatividade humana.
O primeiro capitulo deste texto aborda as primeiras experiências com agricultura e domesticação de ovelhas e cabras, localizadas no vale Enkapune Ya Muto, na África oriental, vividas pelo homem. Porém, os autores apontam um vestígio de um evento anterior e muito mais significativo: “milhares de pedaços de obsidiana, [...] talhados na forma de facas com o comprimento de um dedo, com gumes tão afiados quanto o de um bisturi”, enterrados a mais de três metros de profundidade no lodo, no barro e na areia do vale de Enkapune Ya Muto. Os autores questionam o porquê destes ocupantes dedicarem tantas horas a essas atividades, uma vez que a coleta de alimentos era mais essencial. Entretanto, estes povos não eram os únicos a se dedicarem a esse tipo de atividade, há vestígios de homens da pré-história que ocupavam o sul da África e fabricavam contas com casca de ovo de avestruz, por exemplo.
Ambrose, professor da Universidade de Illinois em Urbana, argumenta que o valor social atribuído às contas de casca de ovo pelos habitantes do Kalahari indica um sentido simbólico profundamente enraizado que pode ter encorajado os primeiros homens modernos a atingir ambientes mais arriscados, além de ser uma estratégia de sobrevivência dos artesãos e suas famílias. “Com essa rede de segurança social, eles poderiam se sair melhor do que quem não possuía meios simbólicos para estabelecer laços futuros e permanentes de cooperação”, sugere Ambrose.
Os autores apontam que nossa evolução e rica sucessão de culturas são resultados não só de força física e bélica, mas também de uma capacidade intelectual para conceber, criar e comunicar-se por símbolos. Ressaltam que em cavernas localizadas a quatro mil quilômetros a sudoeste de Enkapune Ya Muto, chamadas de cavernas Klasies, onde homens da idade da pedra podiam se abrigar, foram encontrados “instrumentos de pedra e restos de