Kinguilas

10806 palavras 44 páginas
Candongeiros, kinguilas, roboteiros e zungueiros uma digressão pela economia informal de Luanda
Carlos M. Lopes (CEA/ISCTE) carlosele@yahoo.com Abstract
As actividades informais constituem sem dúvida um tema de inegável interesse, embora controverso. Nos países da África Subshareana, as actividades informais adquiriram um carácter estruturante, quer das economias quer das sociedades.
Em Luanda, como noutras capitais africanas, tem-se verificado um contínuo crescimento da economia informal. As actividades económicas informais têm-se revelado cada vez mais importantes para assegurar o acesso à ocupação produtiva, aos rendimentos e à inserção socioeconómica dos seus agentes e dos respectivos agregados familiares para os quais constituem, com grau de importância crescente, uma das principais fontes de recursos financeiros, materiais e sociais.
Trata-se de uma realidade complexa, heterogénea e em acelerada transformação, na qual coexistem, em contextos híbridos, elementos da ordem sociocultural endógena com os valores, modelos e padrões comportamentais que emanam da ordem sociocultural global. É neste enquadramento ambiental que evoluem e são condicionados os comportamentos e as práticas económicas dos diversos actores da economia informal.
Neste texto, que tem como suporte informação empírica recolhida em Luanda entre
Setembro e Dezembro de 2003 e Julho e Agosto de 2004, são apresentadas quatro actividades diferentes e são caracterizados os seus intérpretes, com o objectivo de desmitificar algumas das ideias preconcebidas mais cristalizadas em torno do fenómeno informal e de suscitar algumas pistas para reflexão sobre uma realidade ainda tão insuficientemente conhecida.
Introdução
Em Luanda, qualquer que seja o percurso que se escolha, é difícil não se encontrarem manifestações de actividade económica informal. Espalhadas por todos os bairros da cidade, estas actividades – business, esquemas ou processos, segundo a gíria luandense

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