Keynes e o Esp rito Animal
Falando sobre o ímpeto empreendedor, o economista inglês John Maynard Keynes, que viveu de 1883 a 1946, apropriou-se, inseriu em um novo contexto e celebrizou a expressão “espírito animal”, que fora usada dois séculos antes na obra “Tratado da Natureza Humana”, pelo filósofo escocês David Hume; assim, em 1936, Keynes registrou-a em seu livro maior, “Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda”.
Indagando-se sobre qual seria a motivação para a realização de grandes investimentos financeiros, sem garantias reais, e cujos resultados, fracasso ou sucesso, só poderiam ser percebidos muitos anos depois, Keynes identificou o que chamou de “espírito animal”: uma espécie de instinto, sem estar estritamente baseado em uma análise racional, que anima o empresário a confiar que seu trabalho e investimento de capital serão recompensados com ganhos futuros. Algo como um impulso, uma motivação interior que leva o homem com uma tendência inata para a ação, a não acomodar-se, a preferir assumir riscos pelo vislumbre da possível rentabilidade do investimento produtivo, ao invés de ceder à inatividade e contentar-se com o retorno previsível dos empréstimos ao governo (poupança).
Ainda que o “espírito animal” não considere analiticamente o risco do fracasso; ignorando-o parcialmente pela confiança que o homem de negócios tem no sucesso do seu investimento, esse “otimismo espontâneo” decorre, em grande parte, de uma atmosfera política e social favorável. Nos termos de Keynes: "o cálculo racional se complementa e se sustenta pelo espírito animal, de modo que o pensamento sobre o fracasso é posto de lado, como um homem saudável coloca de lado a expectativa da morte".
Brasil, Banco Central e o Espírito Animal
O “espírito animal” do empresariado brasileiro tem sido objeto de muito interesse de representantes do governo, em menções recentes.
Em março de 2012, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com os vinte e sete maiores empresários e banqueiros do país, com a