Karl
(...) O projeto da Escola de Viena foi o de tentar uma unificação do saber científico e elaborar um método científico comum a todas as ciências, de tal forma que fosse uma garantia contra o erro, contra o acúmulo de conceitos vazios de significação e contra todos os pseudoproblemas que tanto atravancaram as discussões epistemológicas.
(...) O esforço inicial do empirismo lógico consistiu em delimitar o domínio das linguagens empíricas e em descrever o estatuto metodológico das ciências positivas. (...) A preocupação fundamental do empirismo consistia em reduzir todo o conteúdo do conhecimento a determinações observáveis.
(...) Se levarmos em conta as linguagens lógicas tornando possível a vinculação de uma hipótese a outras hipóteses, (...) somos forçados a admitir, como critério do sentido, o critério da tradutibilidade, ou seja, da ligação dedutiva. O importante é que, em qualquer hipótese, há sempre uma referência à experiência.
(...) Por sua vez, a linguagem metodológica torna-se o instrumento fundamental da filosofia, sobretudo em sua forma válida, isto é, na forma de uma teoria da ciência. Não obstante, a linguagem metodológica não comporta proposições sintéticas, pois não afirmam nem negam algo a respeito do real. Ela comporta apenas proposições analíticas e proposições descritivas, não introduzindo conteúdo de conhecimento capaz de transcender o domínio do empiricamente observável. Evidentemente, se o único discurso dotado de sentido reduz-se ao discurso da ciência e da metodologia científica, não há nenhuma razão para que tenha validade qualquer discurso de ordem filosófica.
No fundo, trata-se de saber se a interpretação neopositivista do princípio do empirismo está em perfeita adequação com a prática efetiva das ciências. Eis o campo de reflexão de Popper. Algumas considerações sobre o princípio do empirismo:
1. Em síntese, o postulado empirista significa a impossibilidade de poder existir uma intuição