Kant- a razão no banco dos réus
Aluno: José Alberto Turma: I
TEMA KANT - A RAZÃO NO BANCO DOS RÉUS
Se você é daqueles alunos que me abordam no corredor para dizer que não tem tempo para nada, que sua vida é um corre-corre, que trabalha o dia todo e que não sabe como vai dar conta, nesse segundo estágio, de um pensador difícil como Kant, saiba que esta aula foi preparada para você.
Na verdade não é propriamente uma aula, é muito mais um convite. Quero convidá-lo a comparecer a um tribunal para assistir a um interessante julgamento. Antes que você me pergunte quem será julgado, vou logo lhe dizendo: a razão. Nesse tribunal a razão se encontra no banco dos réus, mas ela é também o juiz, pois só ela tem competência para o autojulgamento. É isso mesmo, Kant vai instalar o tribunal da razão; a razão vai julgar a razão, vai decidir sobre o que ela pode e o que ela não pode conhecer. A razão é réu porque é ela que será julgada e é juiz porque só ela tem competência para julgar e decidir. É isso o que Kant faz com a sua crítica.
Crítica vem do grego Krisis, que significa ato de separar, distinguir e decidir. Kant propõe que a razão estabeleça um tribunal, que ao mesmo tempo que assegure suas legítimas aspirações, rechace aquelas que sejam infundadas. Ora, esse julgamento não pode ser feito mediante arbitrariedades. Sendo assim, a própria razão vai se voltar para ela mesma com o fim de julgar as suas possibilidades segundo suas leis imutáveis. Nesse empreendimento, Kant supera o ceticismo e o dogmatismo, o empirismo e o racionalismo tradicional. Promove uma verdadeira revolução, que será conhecida como “revolução copernicana". Isto porque do mesmo modo que Copérnico supera os impasses da astronomia invertendo o geocentrismo e estabelecendo o heliocentrismo, Kant inverte a questão tradicional da metafísica: em vez de procurar conhecer as coisas, vai examinar antes o próprio conhecimento e suas possibilidades. Sua investigação será “transcendental”.