Foi como um meteoro. De obscuro professor de ginásio no subúrbio, passando por vereador que só ocupou a cadeira depois que o PCB foi cassado, em seguida prefeito, governador de São Paulo e finalmente presidente da República do Brasil: Jânio da Silva Quadros (1917 - 1992) . Um fenômeno. Em 1960, o Brasil estava que nem galinha de macumba: na encruzilhada. Conseguiríamos nos desenvolver mesmo, ou os problemas graves eram o sinal da crise? Então, para muita gente, Jânio parecia ser a solução. Pelo menos parecia para as classes dominantes, porque sempre foi conservador e autoritário. Todos sabiam que ele não ameaçava com nenhum nacionalismo ou esquerdismo. Além do mais, seria apoiado pela conservadora UDN. Parecia a solução para a classe média udenista, porque Jânio falava português com impecável gramática e isso mostrava que ele não se dirigia à “massa ignara”, mas às “pessoas de bem, instruídas, de bom gasto, que sabem o que é melhor para o país”: Além disso, vivia falando em moralidade pública, em instaurar auditorias e prender os corruptos, "botar os vagabundos dos funcionários públicos para trabalhar", em se tornar um administrador moderno e eficaz. Jânio Quadros também parecia a solução para grande parte dos pobres. Impressionava com ternos escuros cheios de caspa no ombro, enquanto que as pessoas, fascinadas, apontavam: “Vejam, um homem do povo como nós, ele tem caspa no cabelo!” Realmente, um candidato que tinha algo na cabeça: caspa. Outra técnica eleitoreira de Jânio era, diante da multidão, abrir o paletó para tirar pão. Desses mesmos de padaria. Começava a comer um sanduíche. Não de presunto, mas de humilde mortadela. Bela imagem circense: “o homem sem vaidades, de hábitos espartanos como todos os verdadeiramente honestos, comida apressada de quem trabalha muito pelo Brasil”. No meio de um comício, Jânio desmaiava. “Oh! Que será que aconteceu? Coitado! Tanto sacrifício para enfrentar os poderosos, que não resistiu!” Como poucos, ele sabia o amor que o