Já reclamou hoje?
O que você reclamou hoje? De ter comido? Ou de estar bem alimentado, nutrido e hidratado? De ter vestido? Ou de não sentir frio constantemente? De ter andado muito? Ou de pode andar? De ter condições de ter o que pagar? Ou por pode comprar algo extra as necessidades? De ter dormido? Ou de ter uma cama? De pais atenciosos, preocupados ou prestativos? Ou de ter pais que lhes protejam? De não ter faltado nada em casa? Ou de ter tudo e mais um pouco?
“A gente se acostuma. Acostuma, mas não devia.”
Acostuma a ter tudo e acha pouco. A ter um lar, uma cama, comida, roupas quentes, proteção e carinho. Acostuma a olhar no espelho e ver um corpo perfeito e saudável. Mas querer ter o nariz do fulano, o olho da sicrana e o corpo do ator famoso ou da atriz famosa lá da novela.
A gente se acostuma a julgar o morador de rua, como se ele fosse um vagabundo qualquer. “Ah, ele está ai porque quer” “Vai trabalhar vagabundo”. Mas e quando nós temos preguiça de levantar da cama porque esta frio ou porque o ar condicionado está ligado e a cama fica aconchegante. Ou quando temos condições de estudar em instituições particulares, “escolas boas” e ficamos com preguiça de estudar em casa.
A gente se acostuma tanto a não ver. A não nos ver, a não ver o outro. A achar que absurdos, são normais. A achar que nunca vai acontecer com a gente. Que tudo está certo, que tudo tem que ser assim e pronto.
Reclamar de não ter nada na geladeira cheia, quando muitos estão agradecendo ao ovo solitária a ser dividido entres os irmãos e a mãe passar fome para alimentar os seus filhos. Ou a usar roupas “velhas”, repetidas. Enquanto muitos não têm outra coisa para vestir. Quando não a nem a perspectiva de ganhar ou, muito menos, de comprar o que vestir. Usar trapos, rasgados, sujos, velhos, gastos e usados. E quando ganham um pouco de qualquer coisa, divide com qualquer um. Porque sabe o que é não ter nada e mesmo assim ser tudo. A ver o quanto é importante, estar respirando,