Juscelino, o domador do sertão
O ano de 1956 foi extremamente importante na história política e cultural brasileira. Naquela ocasião, o mineiro Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil, recém-eleito, deu início a sua espetacular empreitada de construir no Planalto Central uma nova capital – Brasília. Enquanto isto , seu conterrâneo, médico como Juscelino, o escritor e diplomata João Guimarães Rosa, trazia a público o seu monumental livro Grande Sertão, veredas, celebrando o mundo arcaico que Juscelino começaria em breve a por abaixo.
Juscelino e Rosa
"...não deixavam o Miguilim parar quieto. Tinha de ou debulhar milho no paiol, capinar canteiro de horta, buscar cavalo no pasto, tirar cisco nas grades de madeira do rego. Mas Miguilim queria trabalhar, mesmo. O que ele tinha pensado, agora, era que devia copiar de ser igual como o Dito."
Guimarães Rosa- Manuelzão e Miguilim. 1956.
Os dois eram rapazes do interior de Minas Gerais. Um deles nascera em Diamantina, em 12 de setembro de 1902; o outro em Cordisburgo, em 27 de junho de 1908, e vieram cursar a mesma Faculdade de Medicina em Belo Horizonte. Juscelino Kubitschek de Oliveira ganhou o canudo e o anel em 1927; João Guimarães Rosa, graduou-se mais tarde, em 1930. Engajaram-se em revoluções. Não para matar, mas para salvar vidas. Juscelino embarcou numa coluna na Revolução de 1930, Guimarães Rosa alistou-se como voluntário na Constitucionalista de 1932. Eram vocacionados para o serviço público. Juscelino abrigou-se nas asas de Benedito Valadares, o Grande Chefe Joca Ramiro dele, tornando-se deputado e depois prefeito de Belo Horizonte (entre 1940-45).
Guimarães Rosa, um caipirão muito culto, grande cabeça, ingressava no Itamaraty para ser diplomata. Foi ver o mundo. Mandaram-no para Hamburgo, para Bogotá e Paris. E de novo para Paris. Mas o sertão - a imagem do pequizeiro e do jatobá, a beleza do ipê-amarelo, o rio vadio e vistoso -, nunca saía de dentro dele. Voltando por uns tempos ao Brasil,