Juros e taxa selic
Por Lucinda Pinto, Angela Bittencourt e Daniela Machado | De São Paulo
Fabio Giambiagi: "O investidor que compra um papel de longo prazo tem de acreditar que a inflação ficará perto do que o governo prevê porque, se for maior, a sua remuneração real será menor" Ter uma taxa de juros baixa é pré-condição para que o governo consiga cumprir o objetivo de trocar a parcela de dívida atrelada à Selic por papéis prefixados - considerados mais "saudáveis" dentro da composição do endividamento público. Mas o corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic promovido na última reunião do Copom não garante, necessariamente, uma transição fácil. Para convencer os investidores a trocarem as LFTs que carregam em suas carteiras por títulos prefixados, será necessário garantir que a inflação estará sob controle pelos próximos anos - convicção que, hoje, não existe entre especialistas.
Segundo informou o Valor, o governo tem como objetivo reduzir a fatia das LFTs, que hoje está próxima a 32% do total da dívida, para algo entre 5% e 6% até 2014. Esse é um objetivo ambicioso e que, na avaliação dos especialistas, pode custar caro aos cofres públicos ou, como efeito colateral, afetar o prazo médio da dívida - outro importante indicador da consistência da dívida. Outro efeito temido por esses analistas é a transferência dos recursos que hoje estão em títulos pós-fixados para as operações compromissadas do Banco Central - que pagam uma taxa próxima à Selic e têm curtíssimo prazo.
"O investidor que compra um papel de longo prazo tem de acreditar que a inflação ficará perto do que o governo está prevendo. Isso porque, se a inflação for maior, a sua remuneração real será menor", explica o especialista em contas públicas, Fabio Giambiagi. "Qualquer estratégia que vise substituir títulos de longo prazo, para não onerar o Tesouro, tem que vir acompanhada de um compromisso inequívoco do cumprimento da meta de