julia da costa
Em uma das cartas, que eram colocadas em esconderijos diversos, tais como o oco de uma velha árvore, Júlia sugeriu uma vez que os dois fugissem, mas quem fugiu foi Carvoliva perante a ousadia da poetisa. Desiludida, Júlia passou a escrever, febrilmente, poemas cada vez mais desesperançados e melancólicos, começou a freqüentar mais e mais serões e festas, a pintar os cabelos de negro (em uma época em que somente meretrizes e artistas o faziam), o rosto, a usar muitas jóias, a participar de campanhas políticas e a publicar em jornais e revistas, tornando-se uma lenda viva em sua pequena cidade.
A solidão se tornou cada vez maior depois da morte de seu marido, que a habituara a receber catarinenses ilustres em banquetes e saraus, em um dos quais esteve presente o Visconde de Taunay. Viúva, cansada das festas, Júlia da Costa fechou-se em casa com manias de perseguição. Durante o tempo em que permaneceu enclausurada, planejou escrever um romance e, para tanto, confeccionou painéis coloridos com cenas campesinas, interiores de lar e paisagens inspiradoras que espalhou pelas paredes.