Judaísmo
Para os fins deste trabalho estaremos falando em judaísmo como a identidade cultural de um grupo humano. Esta identidade cultural resulta, principalmente, de um destino histórico partilhado. Ao legado histórico comum se juntam, em maior ou menor grau, outros elementos: a religião, o idioma, a tradição. Em maior ou menor grau, porque nem todos os judeus são religiosos, nem todos os religiosos praticam da mesma forma a religião; o mesmo vale para as práticas tradicionais, como por exemplo o Ano Novo. Em termos de idioma também não há homogeneidade. Existiram, e existem, idiomas partilhados por grupos judaicos em determinadas regiões e em determinadas épocas: o iídiche (formado do alto-alemão do fim da Idade Média acrescido de elementos hebraicos e eslavos), o ladino, uma espécie de espanhol arcaico, e o hebraico moderno, falado e escrito em Israel, que é o hebraico antigo adicionado de vários neologismos. Escusado dizer que o conceito de raça, por si só muito discutível, não se aplica aos judeus, já que seus característicos biológicos variam amplamente: a cor da pele, por exemplo, vai desde o branco dos europeus até o negro dos judeus falashas provenientes da Etiópia.
A identidade histórica dos judeus estende-se, comprovadamente, por cerca de três mil anos, desde que o rei David estabeleceu a capital de seu reino em Jerusalém (cerca de 1000 a.C.). A narrativa bíblica faz recuar esta história aos tempos do patriarca Abraão e de Moisés, entre 1200 e 1500 a.C. - mas a historicidade da Bíblia está longe de ser reconhecida unanimemente. Também não há unanimidade, entre os historiadores e arqueólogos, quanto à origem dos judeus. Poderiam ser originários da Mesopotâmia, a região entre os rios Tigre e Eufrates; ou poderiam ser nômades, que, vindos do desertos da península arábica, estabeleceram-se, no período neolítico, na região conhecida como Canaã; ou poderiam ser um grupo originário dos próprios canaanitas, uma seita religiosa