A cearense Antônia Alves Feitosa, a Jovita Feitosa [apelido familiar], tentou participar como combatente da Guerra do Paraguai, em 1.865. Ela partiu de Jaicós -onde foi morar após a morte de sua mãe, no Ceará - escondida do tio até Teresina, caminhando setenta léguas, para alistar-se no exército tão logo soube da notícia da guerra e da necessidade de novos combatentes. Ela atendia a um chamamento do governo central que determinava que as províncias estimulassem e organizassem corpos de voluntários para reforçar o exército do País que contava com apenas 18 mil homens, já que o serviço militar obrigatório não existia na época – novembro de 1.864 – quando Brasil, Argentina e Uruguai se uniram na tríplice aliança contra o Paraguai [a mais longa e sangrenta guerra da América do Sul]. Em Teresina, aos 17 anos, Jovita se disfarçou de homem: cortou o cabelo no estilo “alemão” ou “ militar”, amarrou os seios, usou chapéu de couro e foi à procura da guarnição provincial. Conseguiu enganar os olhos dos policiais, porém, ao visitar o mercado público foi delatada por uma mulher que logo lhe reconheceu traços femininos com predominância da etnia indígena. Ao ser levada para interrogatório policial, chorou copiosamente e manifestou o desejo de ir lutar nas trincheiras, com a mão no bacamarte. Não queria ser auxiliar de enfermeira, pois, se assim o desejasse poderia fazê-lo. Dizia querer vingar “a humilhação passada por seus compatriotas nas mãos dos desalmados paraguaios”. Foi aceita no efetivo do Estado, após o caso chamar a atenção de Franklin Dória, o Barão de Loreto, então presidente [o equivalente hoje a governador] da Província do Piauí, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo sargento. Recebeu fardamento e embarcou com corpo de voluntário para Parnaíba. No navio a vapor que saiu de Teresina, a história registra que eram 335 voluntários que seguiram até Parnaíba onde recebeu o reforço de outros combatentes perfazendo o total de 1.302