José de Alencar e seu Projeto de Nação
NATHÁLIA MATOS LIMOEIRO
JOSÉ DE ALENCAR E SEU PROJETO DE NAÇÃO
Moacir, o filho da dor. O resultado do encontro de duas nações, o filho gerado em meio a um romance conflituoso e a representação mítica do primeiro brasileiro. Com o nascimento de Moacir, maneira como José de Alencar finaliza seu segundo romance indianista, “Iracema”, reitera-se o ideal de nação que o autor já havia construído em “O Guarani”. A obra de Alencar possui um elogio à miscigenação. No entanto, nesse processo de encontro entre duas raças diferentes, a relação entre elas é vertical: há a clara defesa de uma sobreposição do (ex) colonizador em relação ao índio.
No intuito de “inventar” para o povo brasileiro uma história da nação, José de Alencar traz Iracema, uma tentativa consciente de escrever a epopeia do povo brasileiro, história que desse conta de sua origem mítica e poética. Em “Iracema”, como também em “O Guarani”, Alencar apresenta o índio e a natureza exuberante como símbolos da nação (característicos do nacionalismo romântico), retomando a tradição de Pero Vaz de Caminha. Retratando, porém, o índio de maneira idealizada, José de Alencar deixa de lado a verdadeira história do encontro entre europeus e indígenas para criar um mito, uma origem de uma nação imaginada.
Dono de um nacionalismo característico em suas obras, José de Alencar utilizou-se, portanto, de um índio, Peri, e de uma índia, Iracema, para construir, em dois romances diferentes, a representação idealizada do encontro de culturas que seria a origem do Brasil, tomando esse encontro, entretanto, sempre de uma maneira assimétrica e sacrificial, de forma que o índio e suas origens culturais fossem subjulgados pela assimilação voluntária destes ao homem branco e seus ideais e princípios. Nisto, percebe-se a expressão de um pensamento conservador nestas obras. Bosi (2001) representa criticamente essa ideia do encontro sacrificial das obras de Alencar quando afirma que
“É possível