Artigo 3 David
David Soares Simões
Mestrando do PPGS da UFPB ds.simoes@yahoo.com.br RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os argumentos de José de Alencar sobre a escravidão e a integração do negro na sociedade brasileira do século XIX. Isso, levando-se em consideração a construção romântica de uma identidade nacional que excluiu o negro de sua composição e o debate acerca da emancipação do ventre a partir dos anos 1860. A hipótese aqui levantada é a de que Alencar se nos apresenta como fundante de uma importante linhagem do pensamento social brasileiro.
Palavras-Chave: José de Alencar; escravidão; identidade nacional.
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O romantismo brasileiro do século XIX, segundo Helosia Toller Gomes (1988), descartou o negro como tema literário. Quando muito, utilizou-se de estereótipos e caricaturas marcadamente racistas para retratar a inferioridade do negro. Este era entendido como incapaz, frequentemente, infantilizado e bestializado. Para Toller Gomes, o romantismo se escondeu sob o paternalismo e sob uma visão idílica das relações raciais, fazendo parecer menor o problema que se apresentava ameaçador para a elite política do século XIX: a escravidão.
Também no século XIX, particularmente, no Segundo Reinado, depois de estabilizada a dominação estatal através de processos de centralização política e administrativa, a elite política imperial preocupou-se em estabelecer os laços de legitimidade social a partir da construção de uma identidade cultural para o país. Em outras palavras, o poder político precisava construir um símbolo que congregasse em si os sentimentos de comunhão e unidade, aquilo que Marilena Chauí chamou de semióforo fundamental, a Nação (CHAUÍ: 2000, p. 14).
Como destacou Bernardo Ricúpero (2004), essa tarefa coube aos intelectuais do romantismo brasileiro. Deliberadamente, a proposta romântica elegeu o índio como herói nacional, relegando ao