José Bonifácio, Projetos para o Brasil
O autor inicia o texto declarando suas intenções, que se baseiam em civilizar os povos indígenas e em promover a abolição do tráfico da escravatura, melhorando, se possível, a condição de vida desta camada da sociedade. Para aumentar seu poder de argumentação quanto a este último tema, Bonifácio relata o sucesso, em relação à manutenção das colônias britânicas, referente ao fim do comércio de escravos realizado pelos ingleses, mesmo que tenha havido contestações.
Ainda mostra-se indignado com o comodismo dos brasileiros em aceitar a comercialização de pessoas e comenta que as autoridades do país tiveram interesse em manter uma população miscigenada, sem emanar o nacionalismo, como forma de manipulação da massa popular. Por isso, defende uma sociedade homogênea e concisa, pois, segundo ele, este seria o modo mais aceitável para evitar a fragilidade da nação, em relação aos abusos dos representantes do poder público. A miscigenação seria a única forma de homogeneizar a população.
José Bonifácio, com o objetivo de denúncia social, mostra o modo brutal com que os escravos eram tratados e a cobiça e a desumanidade característica dos indivíduos que comandavam o tráfico dos cativos. Também enumera uma série de razões, defendidas por esses indivíduos, para justificar tal atividade comercial; dentre elas, destaca-se a cristianização dos escravos e a sua compra, para viver em cativeiro, em troca da pena de morte por outros povos inimigos. O autor considera a escravidão como um desrespeito às leis que regem a justiça, a religião e a moral e critica o fato de a continuidade da condição de escravo ser transmitida às gerações futuras.
Em sua consideração, havia um