Jornal de História
A Construção do currículo da escola primária no Brasil
O século XIX, principalmente sua segunda metade, é marcado pela discussão e redefinição das políticas públicas educacionais em praticamente todo o Ocidente. Os países europeus e os Estados Unidos serviram como modelos para o desenvolvimento dos demais países ao difundirem suas conquistas no âmbito educacional por diferentes formas, como a massificação da escola primária graduada. A escola primária foi pensada como instituição a ser difundida, universalizada e, enfim, democratizada segundo os modelos oferecidos pelos países tidos como desenvolvidos. Em relação a essa instituição, a organização, os currículos e as modalidades de ensino foram debatidos por intelectuais do período, marcando um intenso debate e circulação de idéias (SOUZA, 2000). “Em toda parte difundiu-se a crença no poder da escola como fator de progresso, modernização e mudança social.” (SOUZA, 2000, p.11) A influência dessas idéias em difusão é perceptível no caso brasileiro. Rui Barbosa afirmaria, em discurso pronunciado no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro em 1882, que “(...) a inteligência e a educação constituem o mais alto de todos os originando obras e iniciativas de particulares e do governo imperial. Com os debates sobre a escola primária, suas funções, objetivos e currículos, propagaram-se também os debates sobre a educação profissional e sua necessária implantação como modo de incluir as classes populares nos processos produtivos. Pensar a educação profissional massificada através da escola primária relaciona-se às alterações significativas que os processos produtivos e de inclusão no mundo do trabalho sofreram ao longo da segunda metade do XIX no Brasil: o progressivo declínio do trabalho escravo; o conseqüente branqueamento da força de trabalho mobilizada nas atividades ocupadas tradicionalmente pelos escravos; portanto, a presença, cada vez mais constante, antes da Abolição de homens livres ao lado de