Jorge
A cena ocorre no escritório do superintendente financeiro de uma grande empresa, em uma manhã de segunda feira: Jorge, diretor de planejamento econômico, acaba de apresentar um relatório a seu superior imediato, o superintendente.
Superintendente: Sente-se, Jorge enquanto eu examino isso.
Jorge: (praticamente desabando em uma cadeira em frente à mesa). Essa é a primeira chance que eu tive de me sentar em uma semana!
Superintendente: (após examinar atenta, mas brevemente, os aspectos principais do relatório).
Está ótimo, Jorge, exatamente o que precisamos. Mas por que não ficou pronto para o tesoureiro na sexta-feira, conforme combinamos?
Jorge: O Francisco ficou doente na segunda, o marido da nova funcionária saiu e foi trabalhar em outra empresa. Com isso, perdi dois bons funcionários em três semanas. No momento em que dei uma olhada na primeira versão, ela já estava atrasada e absolutamente incompreensível. O César poderia ter trabalhado nisso comigo, mas já havia vários meses que ele estava com férias programadas, viagem marcada para Porto Seguro com saída na quarta-feira passada. Todos os seus planos já estavam prontos e seu não poderia pedir que ele adiasse suas férias. Então por mais que nós nos empenhássemos, e Deus sabe como trabalhamos duro para terminar o relatório, foi simplesmente impossível concluí-lo até sexta-feira. Desse modo tive que trabalhar sábado e domingo para terminá-lo. Trabalhei como um cão nesse projeto e tudo o que recebo são perguntas sobre por que não ficou pronto mais cedo! Percebo claramente que, aqui na empresa, existe quase nada de consideração sobre o que envolve um relatório como esse; veja só: o tesoureiro quer alguma coisa, provavelmente secundária para ele, daí a ordem chega filtrada até nós e se torna um projeto maior. Nós todos nos empenhamos nele; depois ninguém dá a mínima