Johan August Strindberg

“SENHORITA JÚLIA”, AUGUST STRINDBERG

Johan August Strindberg, conhecido mundialmente como escritor, ensaísta e dramaturgo, nasceu na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 22 de janeiro de 1849. O perfil das obras strindberguianas contém um forte caráter autobiográfico, portanto, para compreender as características psicológicas de suas personagens, é interessante, como aponta Robert Brunstein, conhecer mais detalhadamente o passado do autor “por causa de sua fidelidade a uma arte subjetiva é impossível analisar a obra de Strindberg sem algumas referências de sua vida, especialmente àquele dualismo que, como o de Ibsen, o perseguiu ao longo de sua carreira...” (BRUSTEIN, 1967). No entanto, segundo Otto Maria Carpeaux, no que diz respeito à “Senhorita Julia” (obra mais conhecida do autor), não há no enredo da peça, nenhum fato compatível à vida de Strindberg. Carpeaux observa que nesta obra o caráter autobiográfico concentra-se no tema. Strindberg atribui o fato de ser filho de um casamento forçado entre Carl Oscar Strindberg, um agente de transporte que se orgulhava de ter traços de sangue aristocrático, com Ulrika Eleanor Norlingn, uma de suas empregadas, à causa de ter ele nascido sem vontade própria. Acreditava também que a diferença de classe social dos pais lhe deixou como herança sua constante oscilação entre a submissão camponesa e a arrogância aristocrática. E a relação com sua mãe, a quem adorava, definia como “um incesto de alma”, como um Édipo. Portanto, reconhecia na figura do pai um adversário, por quem ao mesmo tempo, sentia uma combinação contraditória de temor, admiração e respeito. Com a própria mãe manifestou sentimentos ambíguos ao ser rejeitado em favor do irmão, “ele também a detestava, por vezes – sentindo, em dados momentos, que ela era a mais cara criatura da Terra e, noutros momentos, que ela o privava de amor e alimento”. (BRUSTEIN, 1967).

“As conseqüências da ambivalência de Strindberg em relação ao pai foram depois positivadas em