Jogo do fort da
AUTISTA NÃO BRINCA
Um bom menino de ano e meio. Não incomodava seus pais à noite. Obediente e nunca chorava quando sua mãe o deixava por algumas horas. Sozinho, tinha o hábito de apanhar quaisquer objetos e jogá-los de forma que saíssem de seu campo de visão. A criança era o neto de Freud. Esse relato está em seu texto ALÉM DO PRINCIPIO DO PRAZER (1920) que descreve a oportunidade que Freud teve de observar seu neto brincando.
Quando a criançajogava um objeto, emitia um longo “o-o-o-o” com expressão de muita satisfação. Freud e sua filha acreditaram que esse som emitido pela criança, representava a palavra “FORT” que em alemão significa “IR, PARTIR”. Mas a criança brincava apenas de “IR EMBORA”. Alguns dias depois, o neto de Freud brincava com um carretel de madeira que também arremessava de forma que desaparecesse de sua visão e depois puxava pela cordinha e emitia o som “DA” que significa “ALI”. Essa era a brincadeira completa: desaparecimento e retorno, que Freud pode perceber.
A brincadeira do FORT-DA marca, segundo Lacan, a primeira simbolização primordial. Marca a constituição do sujeito por seu ingresso na ordem simbólica, pois pode brincar com o aparecimento e desaparecimento da mãe. O FORT-DA, como jogo da ausência e presença, pode ser experimentado como a gostosa brincadeira que arranca gargalhada das crianças como a conhecida “CADÊ? ACHOU!” quando se esconde o rostinho do bebê com a fraldinha e perguntamos “cadê o bebê?” e ao retirar a fralda exclamamos “achou!”. Mas às vezes a brincadeira não acontece.
Após terem tido duas meninas, o casal Barry e Suzie Kaufman descobre que estão esperando outro bebê. Desta vez, um menino. Raun nasce e aos poucos seus pais observam que a criança tem um ar ausente. Levada ao médico tem diagnostico de surdez, mas com o passar do tempo observa-se estereotipias autisticas e ai vem o diagnóstico: AUTISMO. Essa história está no filme de 1979, intitulado: MEU FILHO,