Joaquim nabuco
Desde a colônia o regime escravo consistia na utilização de mão-de-obra africana em monoculturas latifundiárias isoladas umas das outras, nas mãos de um único proprietário, que só visava seus interesses imediatistas. Esse modo de produção, essa divisão social do trabalho, essa forma como se dispôs o direito a propriedade foi o que determinou todas as relações sociais no país, determinou como se formou e se desenvolveu o Estado: paternalista, autoritário, elitista, imediatista; e determinou como se formou e se desenvolveu a sociedade brasileira: dependente, desprovida de propriedade e desorganizada politicamente, mas de modo que tanto o Estado quanto a sociedade civil se tornaram fracos, e forte é a elite que procura manobrar o país conforme seus interesses comerciais.
Sua idéia central é a de que o escravismo não foi somente a força motora que desenvolveu e corrompeu a nação, mas foi o próprio regime que ao desenvolver-se sucumbiu à corrupção, tornando-se cada vez mais criminoso e imoral, um estado dentro do império.
Nabuco analisa que a escravidão penetrou tão forte e profundamente nas nossas relações sociais que se tornou parte mesmo de nossa constituição nacional e a determinou o plano material e o plano das mentalidades em todas as suas esferas. Tamanha era a necessidade de se abolir a escravidão que seu atraso acarretaria em conseqüências cada vez mais desastrosas para o futuro da nação. Por isso que Nabuco não desejava tão somente a abolição. Haveria que se pensar num projeto para o futuro, para se minar as conseqüências da escravidão após a abolição, a inserção dos ex-escravos