joao cabral
A coletânea feita por Antonio Carlos Secchin apresenta poemas de várias fases do escritor João Cabral de Melo
Neto, desde alguns publicados em seu primeiro livro A
Pedra do Sono, de 1942, até trechos de Auto do Frade, de
1984. Os primeiros poemas, escritos ainda na adolescência do autor, revelam alguns traços surrealistas, como sugere o próprio título do livro de estreia. Mas já são poemas curtos, com registro seco e irônico, como “Poema”.
Em “Psicologia da Composição”, o eu-lírico quer discutir o fazer poético – o título é uma ligação intertextual com a obra do poeta norte-americano do século XIX Edgar Allan Poe, crítico-poeta que escreveu o texto “Filosofia da Composição” para debater a origem de sua maior obra poética, o poema
“O Corvo”.
O destaque fica por conta de “Morte e Vida Severina” (Auto de Natal Pernambucano). Publicado em 1955, é a obra mais famosa do autor. É um poema dramático, várias vezes encenado e adaptado para a TV em 1981. Narra a história de um retirante sertanejo nordestino, Severino, que vai para o litoral. Divide-se em duas partes: Caminho ou fuga da morte e Presépio ou encontro da vida. Segue a tradição dos autos, presentes na língua portuguesa desde os tempos do poeta português Gil Vicente, no século XVI.
Em “A Educação pela Pedra” temos a consolidação de um lirismo duro, conciso, porém impactante, que combina com a denúncia social que se incorpora definitivamente à poesia de
João Cabral. A pedra ensina o homem: a vida é difícil, mas leva ao aprendizado e à transformação social.
CONTEXTO
Sobre o autor Nascido em Recife, João Cabral de Melo
Neto foi diplomata de carreira. Sua poesia enxuta e concisa destaca-se no panorama poético do século XX no Brasil. O organizador da coletânea, Antonio Carlos Secchin, é também escritor e membro da Academia Brasileira de
Letras. Secchin ganhou importantes prêmios pelo livro “João
Cabral: A Poesia do Menos”.
Importância do livro Poeta indiscutivelmente