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Só quem leu o Discurso Sobre as Ciências e as Artes sabe a coragem do autor em enviar para o concurso da Academia de Ciências de Dijon, para o concurso sobre o tema “Contribuiu o restabelecimento das ciências e das artes para o aperfeiçoamento dos costumes?”. Ilude-se quem imagina encontrar sequer um elogio às ciências ou às Artes, pois ambas são massacradas pelo autor como responsáveis pela inércia e ignorância humanas.
as ciências e as artes. Ele diz que as duas são necessidades artificiais que levam a sociedade à um confinamento e alienação. Nessa nova cultura o comportamento rustico, que julgava ser o correto, foi sendo substituido por gostos mais refinados e isso tira o homem do caminho que era dele, da sua própria receita de vida. Todos no mesmo molde, uma roupagem de pessoa civilizada do iluminismo. Isso acaba trazendo problemas sociais, pois se não é mais sincero, a relação é artificial. Crimes e caos também estão associados, porque as ciencias e as artes são agitadoras colocam as normas e valores em jogo. Ele diz que elas tem origens em nossos vícios. No final as duas só servem para criar distância entre as classes. Elas vão acabar destruindo tudo o que virá depois.
Posteriormente, quando publicado em forma de livro, o autor não hesita em taxar a referida obra de “medíocre”, e expor a sua infelicidade com os desdobramentos que se seguiram à sua publicação. Isso porque a fama, segundo ele observa, lhe causou muitas perseguições o seu discurso já trazia uma advertência onde o autor revelava uma feroz autocrítica: “Que será a celebridade? Eis a obra infeliz a que devo a minha. É certo que essa peça, que me valeu um prêmio e me deu nome, será, no máximo, medíocre e, ouso acrescentar, uma das menores deste repositório. Que abismo de misérias não teria evitado o autor se esta primeira obra tivesse sido recebida como o merecia!” (p.181).