Ives Lacoste
Com um pouco de esmero dá para se notar que a Geografia tem um valor estratégico. De modo mais amplo, em menor ou maior grau, toda ciência tem. No caso da Geografia, por ser definida por alguns como a ciência da organização do espaço muitos acabaram negligenciando sua cientificidade.
Yves Lacoste nos deu uma visão mais apurada dessa ciência e disciplina escolar. Estudado por muitos geógrafos e demais pesquisadores, as abordagem e as evidências trazidas à tona por Lacoste foram de suma importância para a Geografia. Ruy Moreira alarga o significado do título do famoso livro de Lacoste -A geografia. Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra - dizendo que "a geografia, através da análise do arranjo do espaço, serve para desvendar máscaras sociais." [1]
Mas será que há diferença entre a Geografia dos professores (e alunos) e a Geografia dos estados-maiores e oficiais, ou seja, aquela de uso estratégico? Ao que tudo indica sim. Acompanhem:
"A geografia dos professores funciona, até certo ponto, como uma tela de fumaça que permite dissimular, aos olhos de todos, a eficácia das estratégias políticas, militares, mas também estratégias, econômicas e sociais que uma outra geografia permite a alguns elaborar. A diferença fundamental entre a geografia dos estados-maiores e a dos professores não consiste na gama dos elementos do conhecimento que elas utilizam. A primeira recorre, hoje como outrora, aos resultados das pesquisas científicas feitas pelos universitários, quer se trate de pesquisa 'desinteressadas' ou da dita geografia 'aplicada', os oficiais enumeram os mesmos tipos de rubricas que se balbuciam nas classes: relevo -clima - vegetação -rios - população..., mas com a diferença fundamental de que eles sabem muito bem para que podem servir esses elementos do conhecimento, enquanto os alunos e seus professores não fazem qualquer ideia." (LACOSTE, Yves. A