O ISLÃ: PERCEPÇÃO SEM COESÃO O cenário proposto até aqui pressupõe a existência de um Estado-núcleo forte cultural e economicamente capaz de abarcar outros que compartilham de tal cultura, resultando e auxiliando em sua consolidação, de forma simbiótica. Ocorre que o Islã não possui um Estado que propicie todas as condições culturais que o conduzam a ser esse Estado-núcleo, situação que nos remete ao fim do século X, com o advento real do mundo islâmico, conforme preceitua Albert Hourani, em seu livro Uma História dos Povos Árabes: “No fim do século X, passara a existir um mundo islâmico, unido por uma cultura religiosa comum, expressa em língua árabe, e por relações humanas forjadas pelo comércio, a migração e a peregrinação." Nessa seara, como bem dita o autor Samuel Huntington, há uma evidente inversão da estrutura de lealdade em relação ao Ocidente moderno, o que se explica, em parte, pela evolução histórica do Islã, invocando, novamente, as palavras de Albert Hourani: “(…) Três governantes reivindicavam o título de califa, em Bagdá, no Cairo e em Córdoba, e ainda, outros que eram governantes de fato, de Estados independentes. (…) Dificilmente poderia ter sido conseguido sem a força da convicção religiosa, que formaram o grupo dominante efetivo na Arábia Ocidental, e depois, criara uma aliança de interesses entre esse grupo e uma parte em expansão das sociedades sobre as quais governavam (…)" As dificuldades da fixação de um Estado-núcleo relativo ao Islã, passa pelo aspecto fundamental da legislação islâmica, cujos princípios e valores são maiores que questões geográficas ou políticas, nesse sentido, nos ensina o Dr. Abdurrahman al-Sheha, em sua obra A Mensagem do Islam: “A legislação islâmica introduziu princípios básicos e regras gerais nos assuntos políticos que atuam como as bases sobre as quais o Estado Islâmico é construído. O governante do Estado muçulmano executa e aplica os mandamentos de Allah. Allah s.w.t. diz ‘Buscam, então, o