Isabelle stengers
Ao analisar a inserção da ciência na história e, dentro da própria história, Stengers propõe a busca de uma história para a ciência e aponta que o desenvolvimento das ciências não se promove em um contexto específico, haja vista que a ciência “cria seu próprio contexto” (p. 146), de modo a configurar as ciências, de uma maneira geral, uma posição dominante dentro da “racionalidade científica”, o que seria de acordo com a autora um equívoco.
Supor que as ciências têm uma identidade é conferir-lhe um “efeito de poder” habilitado para julgar e ordenar. Nesse sentido, para Stengers não deve buscar uma identidade singular, pois assim, aproximaria-se de uma “noção de imposição” que não denota significado algum, uma vez que é abstrata e “não determina a história, num sentido lógico”,
(...) A imposição abstrata que me parece caracterizar as ciências modernas é o desafio de fazer intervir os fenômenos como terceiros na argumentação entre os homens, de fazê-los intervir ativamente como terceiros, o que significa também reduzir a história que não seja puramente humana, produzir uma história que emaranhe os homens e as coisas, que ponha as ideias dos homens sob os riscos de coisas (STENGERS, p.147).
As ciências experimentais apresentam-se exatamente como uma ciência vinculada à ideia de domínio, algo problemático para Stengers. Esse domínio, muitas vezes atrela-se a uma noção de complexidade questionável - “será que é a mesma coisa só que mais complicada ou devemos pensar em termos de complexidade” (p.151) - pois o fato de ser complexo concede à ciência certo tipo de autonomia que, para tal, é necessário que o interesse da ciência mantenha-se camuflado. Porém, essa complexidade promove riscos ao seu operador.
Primeiro uso da complexidade Ao analisar o primeiro uso da complexidade, Stengers desvincula sua exemplificação da ciência