invenção da infancia
Evelise J. Vincensi
Juliana C. Cerutti*
O filme “A invenção da infância”, um curta-metragem dirigido por Liliana
Sulzback, também responsável pelo roteiro e, ao lado de Mônica Schmiedt, pela produção executiva, recebeu 15 prêmios no Brasil e exterior. Seguindo um estilo de documentário, o filme contempla diversos depoimentos com o intuito de retratar um desequilíbrio existente e que abala o conceito de infância em diferentes âmbitos, em um mesmo país.
Pressupondo que a idéia de infância nem sempre se fez presente na cultura e que foi criada em um determinado período para demarcar uma época tranqüila, perfeita e protegida, diferenciada da vida adulta, o filme vem, pontualmente, revelar que a realidade atual não condiz com tal contexto.
Denunciando grandes diferenças sociais, apresenta, alternadamente, as realidades extremamente distintas em que as crianças estão inseridas. De um lado, em famílias de baixo poder aquisitivo, o índice de mortalidade infantil é elevado. As crianças que sobrevivem são impelidas a trabalhar para obterem recursos, mesmo que mínimos, para subsistência. De outro lado, famílias com melhores condições financeiras exigem que suas crianças preencham seu tempo com atividades mais referidas aos ideais sociais. O que fica marcado não são somente as diferentes incumbências destas crianças, mas também a diferença temporal presente em um mesmo período e país que comporta realidades tão extremas. A invenção da infância se dá na Modernidade. A primeira das realidades referidas anteriormente é situada por Sulzback em uma dimensão temporal Pré-moderna. Não há diferenciação dos encargos adultos e infantis. A morte de crianças parece não causar tanto impacto. Nesse “salve-se quem puder” as crianças, como adultos, devem ir em busca de sustento. A segunda, já referida por ela como Pós-moderna, conduz também à mesma questão de não diferenciação; aqui, porém, como uma “evolução” do conceito moderno forçada por