Introdução Violência no campo
Este trabalho trata de um dos problemas mais sérios do Brasil: a posse e o uso da terra. O Brasil possui os maiores latifúndios e a maior concentração de renda do mundo. Somos o país onde a miséria na zona rural cresceu mais em todo o planeta.
Na história da humanidade, o latifúndio tem sido gerador de miséria para a maioria do povo e de riqueza para a ínfima elite que detém o poder, impõe políticas antipopulares e defende o imobilismo social. Os latiÍundiários não querem mudanças porque não admitem perder privilégios concedidos desde que os europeus começaram a explorar o Brasil. Não importa que esses privilégios beneficiem uma parcela insignificante de grandes proprietários de terras e prejudiquem o conjunto da nação.
O resultado, além da miséria e do atraso social e econômico, é uma onda de violência, que, do campo, se esparrama pela sociedade brasileira.
A violência social no Brasil tem origem na má distribuição de terras, que gera injustiça e multiplica a violência em todos os graus e em todos os setores da sociedade.
Partindo de alguns aspectos da violência no campo, o trabalho tenta demonstrar as suas relações com a sociedade. A análise da posse da terra, com base na violência repressiva contra os sem-terra, indica claramente que o Brasil precisa fazer a reforma agrária: ela deveria ter acontecido há pelo menos 200 anos. Nosso atraso é de dois séculos!
Nesta investigação sobre a violência e o uso abusivo da terra, veremos que as leis brasileiras não ajudam os trabalhadores, mas servem aos latifundiários. O Judiciário, por sua vez, respalda ações violentas da Polícia Militar, que nos últimos anos tem assassinado abertamente centenas de sem-terra, às vezes com requintes de crueldade.
Quanto aos políticos, esses ficam entre o cinismo e o oportunismo: não produziram nenhuma lei ou ação efetiva para distribuir as terras improdutivas aos milhões de camponeses brasileiros.