Introdução sobre Ovário Policístico
Hiperandrogenismo é o termo utilizado para descrever os sinais clínicos, devidos ao aumento da ação biológica dos andrógenos. Hiperandrogenemia ou hiperandrogenismo bioquímico é o aumento dos andrógenos no sangue. A expressão clínica máxima do hiperandrogenismo é a virilização. O hiperandrogenismo idiopático caracteriza-se pela presença de expressão clínica e ausência das alterações bioquímicas, e o oculto, pela ausência de expressão clínica e presença de alterações bioquímicas.
O hiperandrogenismo no sexo feminino ocasiona quadro clínico de severidade variável, incluindo puberdade precoce, hirsutismo, acne, seborreia, alopecia, distúrbios menstruais e disfunção ovulatória com infertilidade durante a vida reprodutiva, síndrome metabólica, disfunção psicológica e virilização. A intensidade e extensão dessas manifestações clínicas dependem de vários fatores,* e não existe correlação estrita entre a intensidade do quadro clínico e as alterações bioquímicas.
Várias etiologias podem levar ao hiperandrogenismo feminino, desde um quadro funcional de desequilíbrio hormonal nos ovários e adrenais (síndrome do ovário policístico - SOPC e hiperplasia adrenal congênita - forma não clássica - HAC-NC) até o câncer de ovários ou adrenais.
A principal causa de hiperandrogenismo no sexo feminino é a funcional ovariana ou SOPC, que representa dois terços das mulheres hiperandrogênicas, e metade dos casos de SOPC é acompanhada do hiperandrogenismo funcional adrenal. A SOPC apresenta quadro clínico bastante heterogêneo, e é a endocrinopatia mais comum nas mulheres em idade fértil, com prevalência de 6% a 10%. Caracteriza-se por hiperandrogenismo clínico e/ou bioquímico e irregularidades menstruais, e, provavelmente, é a causa mais comum de hirsutismo e infertilidade. A etiopatogenia permanece desconhecida, apesar de terem sido descritas associações com as várias anormalidades bioquímicas. Stein, Leventhal foram os primeiros a reconhecer a associação entre ovários