Introducao Do Mito Ao Pensamento Racional 1
Docente: Luiz Paulo Rouanet Data: 25/02/2015
Introdução
Do mito ao conhecimento racional
Tudo começa com os gregos, que criaram a palavra filosofia e a própria filosofia. Aristóteles mostra como as diversas formas de pensamento se entrelaçam, a partir da admiração (thaumazein):
Foi, com efeito, pela admiração que os homens, tanto hoje como no começo, foram levados a filosofar, sendo primeiramente abalados pelas dificuldades mais óbvias, e progredindo em seguida pouco a pouco até resolverem problemas maiores: por exemplo, as mudanças da Lua, as do Sol e dos astros e a gênese do Universo. Ora, quem duvida e se admira julga ignorar: por isso, também quem ama os mitos é, de certa maneira, filósofo, porque o mito resulta do maravilhoso. Pelo que, se foi para fugir à ignorância que filosofaram, claro está que procuraram a ciência pelo desejo de conhecer, e não em vista de qualquer utilidade.1
O impulso que leva ao conhecimento é comum, portanto, àquele que ama os mitos (mitófilo?) e àquele que ama a sabedoria (filósofo). No entanto, aos poucos, as respostas fornecidas aos problemas da origem da vida e das principais coisas provocam a separação entre os modos religioso, mitológico e filosófico. É claro que havia pensamento antes do século VII a.C., porém não o que se entende por filosofia. O pensamento filosófico nasce se distinguindo de outras formas de pensamento, como o pensamento mítico e o pensamento religioso. Não se trata de defender, aqui, uma precedência hierárquica da filosofia sobre outras formas de pensamento. Trata-se, apenas, de defender sua especificidade diante delas, mesmo admitindo que a separação nunca é total, que essas três formas estão imbricadas, em alguns momentos mais do que outros. É o que pensa, por exemplo, Francis Cornford, para quem “Existe uma continuidade real entre a primeira especulação racional e as representações religiosas que ela continha”.2
Como quer que seja, a filosofia surge