Intoxicação por monóxido de carbono
Introdução
Na prática da clínica geral e medicina familiar (MGF), é útil saber:
1. reconhecer os sintomas de intoxicação aguda e crónica pelo monóxido de carbono (geralmente inespecíficos e de instalação insidiosa);
2. saber o risco que representa a sua presença no ambiente (acidentes domésticos e profissionais, suicídios);
3. saber reconhecer quem se encontra em maior risco;
4. saber como prevenir os acidentes, como prever os suicídios, como tratar as consequências e como aconselhar os doentes em risco;
5. saber reconhecer os sinais de morte por intoxicação aguda pelo monóxido de carbono, para a certificação do óbito, quando nada mais resta fazer.
Pelas circunstâncias em que se dão, as intoxicações agudas escapam geralmente à intervenção do médico de MGF a não ser que este se encontre no local da ocorrência ou no serviço de urgência para onde o doente foi transportado. Muito mais frequente será a necessidade de intervenção perante a manifestação de sintomas que indiciam intoxicações crónicas ou no reconhecimento do risco potencial de intoxicação aguda ou crónica nos doentes e famílias a seu cargo ou nos ambientes a que estes estão sujeitos.
Nos EUA anualmente e devido a intoxicação pelo monóxido de carbono:
1.500 pessoas morrem por exposição acidental,
2.300 pessoas morrem por suicídio,
10.000 pessoas precisam de cuidados médicos ou perdem pelo menos um dia de trabalho.
No Reino Unido a intoxicação pelo monóxido de carbono é a principal causa de morte por intoxicação ou envenenamento em crianças.
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Mecanismo de acção
O monóxido ou óxido de carbono (CO) é um gás tóxico, pesado, incolor, sem sabor nem odor quando puro. Este gás liberta-se na combustão incompleta dos produtos que contêm carbono nomeadamente as madeiras e derivados dos combustíveis fósseis como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural.
A. O monóxido de carbono actua como um mecanismo de asfixia dos tecidos, bloqueando as trocas