Intoc veis
Já Driss, com sua espontaneidade e, ás vezes, inocência, conquista seu empregador e outras pessoas da casa e com isso aprende a ter outros pontos de vista e ver a vida de uma outra forma. Antes ele se encontrava perdido e com muita freqüência metia os pés pelas mãos e se colocava em posição de risco. A partir da convivência com Philippe ele renasceu de outra maneira. Não se trata de um filme onde um salva o outro ou onde um ensina ao outro lições edificantes, mas fala do encontro de dois seres sofredores (e quem não é?) que aprendem um com o outro e que passam a se amar. As verdadeiras aprendizagens da vida não acontecem através dos estudos e da intelectualidade, a boa aprendizagem ocorre através da qualidade dos relacionamentos. Só se relacionando que alguém tem a chance de vir a se tornar humano. No filme esses dois homens estavam carentes e não de uma situação física melhor ou de condições financeiras melhores, mas carentes de um encontro real, onde um possa se construir a partir do que é vivido com o outro. São muitos os que se encontram carentes disso na vida, carentes da chance de estabelecer encontros humanos. A história desse filme não é ficcional, mas baseada em fatos verídicos. Até hoje esses dois mantêm contato porque o que começou como apenas uma ligação profissional se tornou maior e despertou nos dois afetos que se encontravam adormecidos. Eles tiveram a coragem de se entregar a esse encontro inusitado e que muitos jamais acreditaram ser possível. Da ousadia de experimentar um encontro os dois saíram transformados para melhor. Aliás, esse deveria ser objetivo de qualquer encontro: a transformação para melhor.