Os arquétipos de gênero, por mais abstratos que sejam, constituem estruturas textuais sempre presentes no espírito de quem escreve (arquitexto). Perdem sua transitividade, já não falam, são falados; deixam de denotar para conotar; já não significam por conta própria , passam a ser material de reconstrução. A relação da obra de arte com seus arquétipos pode ser de realização, de transformação ou de transgressão. Muitas vezes, é o tipo dessa relação que define a natureza da obra (sátira, drama etc). Os contos, mitos e histórias tradicionais tendem a englobar-se e formar agregados enciclopédicos, distanciando-se durante séculos, constituindo uma série de analogias, sobretudo numa cultura homogênea. Os poetas (e a poesia) são, freqüentemente, errantes. O intertexto[1] desempenha o papel do filósofo, do santo, unanimemente venerado, tido como mártir e de quem se veste, como uma roupa, o modo de dizer. O intertexto é vagamundo, é tomado e retomado como padrão, é mais ou menos identificado nas suas origens. Alguns autores insistem na idéia de que a inserção de palavras de um autor em texto posterior a ele torna, por esse fato, o autor citado contemporâneo do texto que o citou. Para Paul Zumthor, o intertexto é a “inscrição do texto numa história, da história no texto” (JENNY, L. et alii., 1979: 109). Cada texto seria, assim, zona de união, onde se cruzam duas séries textuais. Uma paródia, por exemplo, estaria relacionada com a obra caricaturada, tanto quanto com todas outras paródias constitutivas do gênero. Laurent Jenny propõe falar de intertextualidade “desde que se possam encontrar, num texto, elementos anteriormente estruturados para além do lexema, seja qual for o nível de estruturação” (JENNY, L. et alii., 1979: 14). Fala também de “intertextualidade fraca” (Idem, ibidem ) para a simples alusão. O processo de intertextualidade pode ocorrer em vários graus.Visamos, nessa apresentação, a relatar pesquisa em andamento, sobre essas estratégias da intertextualidade