Interpretação de dois sonetos de vinicius de morais
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
Segundo as palavras do poema, o amigo é “igual a mim” e um “espelho”. Logo, encontrar um amigo, é como encontrar a si mesmo, é um encontro conosco, um encontro de reconhecimento, é como se olhar em um espelho e se admirar. Enfim, amigo é aquele que a gente se identifica.
O poema afirma que um amigo sabe “se mover e comover” . “Se mover” e “comover” significam situações distintas. O primeiro indica movimento/ação, e o outro indica sentimento/comoção. Com isso, ele caracteriza o amigo como um ser completo, que tem dois extremos (antítese).
Soneto de fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Interpretação
O soneto fala especificamente do amor. O eu lírico deixa claro que quer aproveitar cada momento ao máximo, sendo atencioso e zeloso com seu amor. Quer demonstrar a todos o que sente, e estar ao lado da pessoa amada nos