análise soneto
Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinícius de Morais. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974. p. 269.)
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. A 1ª estrofe pode apresentar algumas dificuldades de compreensão. A fim de compreendê-la melhor, faça o que é pedido.
a) Ponha na ordem direta este trecho: “De tudo ao meu amor serei atento / antes”.
b) Explique o sentido da expressão ser atento (1º verso).
c) Indique a que se refere a expressão maior encanto (3º verso)?
d) Responda: Para o eu lírico, a fidelidade supõe exclusividade ou não?
2. Na 2ª estrofe, o eu lírico afirma que vai dedicar-se à pessoa amada nos mais diferentes momentos da vida.
a) Quais são esses momentos?
b) Segundo o texto, o amor e a fidelidade terão de passar por situações contraditórias, como sugere o verso “Ao seu pesar ou seu contentamento”. Que figura de linguagem se verifica nessa oposição de situações?
3. O poema pode ser visto como organizado em duas partes: a primeira, formada pelas duas quadras (estrofes de quatro versos); a segunda, pelos dois tercetos (estrofes de três versos). Observe as formas verbais presentes nessas partes:
1ª parte: “serei”, “quero viver”, “hei de espalhar”
2ª parte: “procure”, “possa”, “seja”, “dure”
a) Em que modo estão as formas verbais de cada uma das partes?
b) As formas verbais das duas partes expressam fatos que ainda virão a