A partir do processo de instalação da liderança e do mito-fundador e de seus desempenhos enquanto objetos identificatórios, percebe-se a importância do fantástico, do fascinante e do sucesso como palavras de ordem e serem alcançados no ambiente organizacional. Conclui-se que se o indivíduo se identifica com seres fantásticos, bem sucedidos e fascinantes, em tese, pode tornar-se a eles equivalente e proporcionar que a organização alcance seus objetivos pela sua ação. Os indivíduos necessitam de objetos de identificação superiores, imagens e modelos que possam dar-lhes a possibilidade de se sentirem maiorias, livres das angústias do disforme, do caos em que vivem e da impotência que sentem frente a um sistema que coloca cada vez mais o impossível como ideal. Tanto Henri, na figura de líder, quanto Bernard, na figura de mito, são modelos que superam as expectativas do ser comum, pois representam o ideal do desempenho, da boa conduta, do carisma e dos valores morais. Nada mais sutil e eficaz do que controlar pelo afeto utilizando-se o processo identificatório: identifico-me com o ideal, procuro agir como tal! Trata-se de um controle sedutor que atua contra o interesse do trabalhador através do atendimento de seus objetivos mais íntimos, o que inviabiliza a possibilidade de crítica do modelo de gestão. No entanto, o controle que a organização exerce sobre indivíduos, tenha ele a forma que for, nunca será total, ou seja, os indivíduos gozam de satisfação e espaços de liberdade para agir, atuando, inclusive, para a construção e a reprodução das formas de controle organizacional. Mas eles também sofrem as consequências do controle sobre seu corpo, seus comportamentos e subjetividade. O controle, o poder e as estruturas de dominação da organização atuam no sentido de causar a repressão e o recalcamento nos indivíduos, ficando impedidos de expressar e realizar algumas das manifestações psíquicas mais fundamentais para seu desenvolvimento, ou seja, seus próprios