Iniciação à prática sociológica
Catolicismo: direitos sociais e direitos humanos (1960 - 1970)
Prof. Dr. Mauro Passos (UFMG) Profa. Dra. Lucília de Almeida Neves (PUC-Minas)
Os jogos dos passos moldam espaços... Tecem lugares. (Michel de Certeau) Um redemoinho de imagens compõe o cenário brasileiro de 1960. Atravessa a bruma do tempo e vai-se hospedando na sombra do catolicismo. Solicita interpretações. Pergunta questiona e desafia. Momento de crises. Crises. Foram anos de efervescência e mobilização popular. Paradoxalmente, foi também um tempo de autoritarismo e desrespeito aos direitos humanos. Na verdade, por seu impacto na sociedade brasileira, essa conjuntura merece ser mais trabalhada, analisada e pesquisada, considerando os diferentes sujeitos históricos que modularam esse quadro. A década de 1960 pode ser dividida em duas fases. A primeira antecedeu ao regime militar autoritário e corresponde aos quatro primeiros anos. A segunda teve sua marca inicial em 1964 e corresponde à implantação desse regime. No seu conjunto, foi um período complexo, caracterizado pelo cultivo e frustração de diferentes utopias. Era preciso vencer a perplexidade, superar o medo e plantar as sementes de uma revolução ou, então, mobilizar forças para diversas reformas sociais. Período rico de elaboração política, de acertos e erros. Os retalhos que restam na memória abrigam crises, insurgências, heroísmos de uma realidade em movimento. Lembram, ainda, o silêncio orquestrado de vozes silenciadas. Este texto pretende analisar o movimento do catolicismo brasileiro na luta pelos direitos humanos e sociais. O binômio direitos sociais e direitos humanos determina, nesse texto, um mesmo ponto de partida - o conceito, a perspectiva histórica e um projeto a ser encarnado. Essa dupla expressão circunda pessoas, grupos e classes sociais. O envolvimento do catolicismo nessas questões contribuirá para renovar sua própria prática. Estaremos privilegiando a